Colecionista ou Jogador?

Coleções e colecionadores podem ser vistos por todos os lados e existem em diferentes culturas e países. O ato de colecionar consiste no ato de adquirir e armazenar itens de forma ativa, seletiva e apaixonada. Os itens em questão passam a receber um status especial. É importante que eles formem um conjunto que seja coerente e significativo para o colecionador. O colecionismo está muito presente dentre as pessoas que participam do hobby de jogar jogos modernos, e pode se dizer que colecionar é “um hobby dentro do hobby”. O hobby principal, ou melhor dizendo, o hobby inicial que para muitos era apenas jogar jogos de tabuleiro transformou-se no ato de colecionar e acumular diversos jogos na estante. O colecionista não necessariamente é um jogador frequente.

Para o colecionista é prazeroso buscar, encontrar e acrescentar, mas não necessariamente jogar. Engana-se quem acha que ele não pensa e age por impulso. Ele tem em mente quais são os jogos que se encaixam em sua coleção, e é capaz de buscar com muito foco por um jogo em específico que ficaria incrível na sua estante.

Antes de continuar com o texto, vale a pena ressaltar que colecionismo difere de acumulação compulsiva. A acumulação compulsiva ocorre pelo acúmulo de objetos desnecessários. A pessoa com esse transtorno se sente angustiada quando é forçada a se desfazer destes objetos. A pessoa não tem espaço suficiente para acomodar todos os objetos acumulados. As áreas de convívio da casa ficam tão lotadas e desorganizadas que não é possível usá-las. O diagnóstico para esse transtorno é realizado por médicos que indicarão o tratamento adequado.

Predominantemente associamos o colecionismo a coisas ruins, mas existem pontos positivos. Primeiramente, pode ser uma forma de socializar. Os colecionadores se relacionam com outras pessoas que partilham do mesmo interesse para trocar informações, jogos e experiências. Além da socialização, os colecionadores podem desenvolver hábitos melhores de organização. Uma coleção também pode mostrar muito sobre uma pessoa, pois provavelmente ela reflete os seus gostos. Alguém que possui duna-imperium , clank-um-deck-building-de-aventura e dominion presumivelmente gosta da mecânica de deck-building. Isso também pode refletir uma admiração por um certo designer, como, por exemplo, ter agricola-revised-edition , caverna e um-banquete-a-odin na sua coleção indica que possivelmente você gosta dos jogos do Uwe Rosenberg. Um último ponto positivo que eu colocaria seria a boa sensação nostálgica a jogar uma partida de um jogo que te remete a experiências passadas. Jogos como o corrida-maluca e scooby-doo-the-board-game o são ótimos para trazer esse sentimento à tona.

Imagens do jogo corrida maluca.

Existe algum ponto negativo em colecionar jogos de tabuleiro?

Obviamente nem tudo são flores e existem malefícios quando esse colecionismo atinge certo nível. Um estudo de 1993 do NTCN (National Center for Biotechnology Information) mostra que se os objetivos materialistas se tornam mais importantes para uma pessoa do que outros objetivos, essa pessoa tem maior probabilidade de ficar deprimida e ansiosa.

Além disso, os jogos modernos “custam muitos dinheiros”. Eles estão extremamente caros e comprá-los está mais difícil, ao menos para os meros mortais rs. Cada um faz o que bem entender com o seu dinheiro, mas tem dois pontos que me chamam a atenção. Primeiro, existem pessoas que se sentem superiores porque possuem um jogo x ou y, não seja esse tipo de alecrim dourado. O segundo ponto é que existem pessoas que podem acabar se endividando para adquirir um jogo. Estamos acostumados a ver uma volumosa quantidade de conteúdo fomentando o consumismo, mas pouco se fala sobre a compra mais consciente dos jogos.

O que é o F.O.M.O? Como ele está relacionado ao colecionismo?

O F.O.M.O é o Fear Of Missing Out, ou numa tradução livre, “medo de ficar de fora”. Várias pessoas têm o sentimento do F.O.M.O mais aflorado em situações como campanhas de Kickstarter e com jogos OOP (out of print). As campanhas de Kickstarter de grandes empresas trazem diversos exclusivos que só podem ser adquiridos durante a campanha, você até pode achar os itens sendo vendidos por alguém que participou da campanha, mas provavelmente com o preço bem mais salgado. Isso leva algumas pessoas a pensar: “se eu não participar da campanha eu nunca vou ter essa miniatura de dragão elfo dourado, não posso perder essa oportunidade, se eu não comprar meu jogo nunca estará completo, é agora ou nunca”. Esse medo de não ter esse jogo não deveria existir, até porque é só um jogo. Sobre o termo OOP, vamos simplesmente traduzi-lo para jogos esgotados. Para alguém que entrou no hobby recentemente, principalmente no Brasil, é comum gostar de um jogo e descobrir que ele está esgotado e sem previsão de reprint. Mas será que você realmente precisa daquele jogo pra se divertir ou você pode ter boas experiências com outros jogos? Não vou me estender muito no assunto porque na Ludopedia vocês podem encontrar um texto incrível escrito pelo Luis Perdomo (F.O.M.O) todo dedicado a esse assunto.

Você é mais colecionista ou jogador?

Essa é uma pergunta que só pode ser respondida por uma pessoa: você mesmo!! Olhe para a sua coleção de jogos e comece a refletir um pouco. Algumas perguntas como as que estão aqui podem ajudá-lo a concluir qual lado seu está mais aflorado. Você jogou mais de 60% dos jogos que você tem nos últimos 365 dias? Você já jogou todos os jogos que possui ao menos uma vez na vida? Você fica mal quando não consegue aquele jogo que tanto queria? Caso a resposta de todas dessas perguntas seja não, provavelmente, o seu lado colecionista está mais ativo do que o seu lado jogador. Obviamente, existem dois extremos, porém, no meio disso tudo, existem várias pessoas que em alguns momentos são mais colecionadores do que jogadores e vice-versa. Seja qual lado seu estiver mais aflorado, priorize as experiências ante a coisas materiais.

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Deixarei uma pergunta bônus para interagir nos comentários:

Você tem algum jogo parado na sua estante que não vê mesa há um bom tempo? Se sim, qual e há quanto tempo?

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Eu tenho vários, infelizmente :cry:

Aos poucos estamos conseguindo estrear um ou outro da “estante da vergonha” por aqui, mas ainda há dois em especial que eu poderia muito bem ter esperado pra comprar: duna-imperium e gloomhaven-presas-do-leao, principalmente porque eu comprei pelo TiendaMia a cópia em inglês muito antes de ser anunciado no Brasil, e agora a edição nacional foi lançada há um tempo já e minhas cópias em inglês continuam sem ter visto mesa :clown_face:

Dito isso, eu não me considero colecionista e ter jogos não jogados parados na estante é uma “pendência mental” pra mim e um problema a ser resolvido :laughing:

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Eu não me considero um colecionador, eu me considero um jogador, sempre estou querendo levar meus jogos pra mesas, Só que tenho muito cuidado com meus jogos, coloco todo tipo de proteção possível para que eles durem o maior tempo possível, mas cada sessão que jogo eu tento variar os jogos. Trago até baralho e dominó pra mesa, e costumo registrar todas as partidas e ver o desempenho do pessoal no meu grupo em cada jogo.

Saindo um pouco do tema, eu venho dos jogos eletrônicos, eu noto que com jogos eletrônicos não faço o mesmo, tenho muitos jogos eletrônicos só abri, joguei um pouco e depois nunca mais abri. uma lista imensa pra “zerar” que negligencio, mas mesmo assim vou comprando novos jogos sem jogar os antigos, acredito que isso possa acontecer com quem está mais tempo no mundo dos boardgames também, acredito que o bombardeio de lançamentos estimule sempre a buscar o novo e acabamos deixando de lado o “novo” de meses atrás.

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@renato é justamente esses dois jogos que estou pesquisando e avaliando comprar quando entrarem em promoção. Estou mais confiante em adquirir o Dune Imperium mas depois deste seu comentário vou pesquisar mais um pouco rs.

Opa, mas não use esse fato como parâmetro não!

Pensa que na verdade tivemos várias outras estreias de jogos na fila e que, tendo ficado um bom tempo sem jogar, fomos retomando com os que já conhecíamos ou com os mais tranquilos de aprender, assim consegui estrear Calico, Wingspan e Through the Desert há algum tempo, por exemplo.

Esses dois jogos parecem ótimos e não viram mesa por outros fatores :smile:

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Dois jogos que eu tenho muita curiosidade em experimentar. Principalmente o duna por ter deck-building e alocação de trabalhadores.

Eu penso exatamente da mesma forma que você! Não vejo a hora de jogar e “me livrar” disso.

Cuidado é sempre bem-vindo, mas às vezes me policio para não exagerar, afinal os jogos estão ali para nos trazerem boas experiências e com o tempo acabam tendo um desgaste por mais que cuidemos deles

Há, texto legal. Me considero colecionador porém também jogo pelo menos 1x por semana.

Tenho vários jogos não jogados, e isso nunca me preocupou. Já cacei jogos específicos em lojas pequenas mundo afora, só porque estava faltando hehehe

Hoje não tenho nenhum que eu queira muito a ponto de fazer essas pesquisas, mas sempre tenho jogos entrando (e saindo) do acervo, aqui não tem muito apego não.

Sobre o lado “ruim” de colecionar, eu destaco outro ponto importante: cuidar e conservar a coleção, onde poeira e mofo podem estragar com ela facilmente, tem que se atentar a isso se quiser ter um acervo grande a longo prazo.

Finalizando, tenho um On Mars aqui esperando ainda para ser estreado, acho que esse seria o principal, mas de longe o único, que não foi jogado ainda e está sendo cogitado hehe

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Fatos curiosos de ser colecionador: assim como várias pessoas, participo de vários grupos com jogadores dos mais variados tipos, e sempre temos algum especialista em algo que “tenta alfinetar” o seu modo de colecionar, seja por qual o motivo, motivo esse que é um fato curioso de se descobrir.

Temos o pessoal apegado à espaço físico e/ou minimalismo, então sempre estão criticando ter muitos jogos, ocupando espaço, etc

Temos também os “super investidores”, que deixam de comprar um pastel para investir R$5, esses ficam louco com “tanto dinheiro parado”.

E finalizando, tem um grupo que não sei como nomear, mas os que se incomodam por ter jogo comprado e nunca jogado.

É um povo que precisa ser estudado, entendido e melhor compreendido, principalmente porque se preocupam demais com coleção alheia :rofl:

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Obrigado!!!

e quem não fez isso? hahahaha. O duro é importar, preço fica muito alto.

Esse jogo parece muito massa, o que me deixa um pouco afastado dele é a duração da partida e as regras.

Não sei como você tem paciência com esse tipo de gente hahaha

Poxa, me senti pessoalmente atacado aqui :joy:

Só para deixar claro, eu me incomodo um pouco com eu ter jogo comprado e não jogado, um pouco pelo que você mesmo disse de que colecionar exige manutenção e eu sei que eu não sou a melhor pessoa pra isso. Por aqui, para evitar pó, eu deixo em armários com portas de vidro e tento controlar a umidade.

É engraçado porque minha esposa me incentiva a comprar mais, ela acharia o máximo também ver as estantes cheias só para ficarem cheias :laughing:

Agora, coleção dos outros eu acho linda e não boto regra na vida de ninguém não, acho que o principal disso tudo é que cada um faz do hobby o que quiser, né?

Abraço

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Eu tento me equilibrar entre os dois, tenho um lista de desejos grande na ludopedia e aqui no compara jogos tenho aqueles que “priorizei” para comprar.

Ai vem um problema que deve alguns terem passados várias vezes, você encontra ou sai um jogo novo e você precisa comprar ele por vários motivos: O jogo é o que eu estava procurando para minha coleção e irei jogar ele quando chegar; pré-venda e não sabe se vai ter mais; não tem mais esse jogo nas lojas e somente por venda de outros jogadores.

Com isso no final o jogo é caro porque toda a pré-venda e a maioria das vezes, vendido por outros jogadores, são caros. Você quer aquele jogo que vai lhe custar 1000 (mil) reais com expansões, porque você quando fica aficionado você quer tudo do jogo. Ai você tem que parar e pensar, espera ai, dá pra comprar três jogos da sua lista, você terá três em vez de um, mas parece que fica batendo na sua cabeça direto: “vai perder”; “não vai ter mais”; “e se ficar mais caro do que isso”; etc.

Então pergunto a vocês é colecionador ou jogador?

Parabéns @thiagoguido pelo texto.

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Muito obrigado.

Controlar esse impulso é bem difícil mesmo, mas tento controlar isso fazendo diversas coisas, entre elas: buscar opiniões positivas e negativas pra ver se o jogo se encaixa com o que busco e se ele agradará o grupo; tentar jogar - se não tenho acesso ao jogo físico, busco digital mesmo; lendo manual
Por fim, se realmente quero e tá muito caro, vendo 1 ou 2 jogos da coleção que não estão vendo mesa.

Curiosidade, você já chegou a pagar mais de R$1000 num jogo?

Cheguei a participar do kick start do tainted grail quando lançaram na época, mas recuperei o dinheiro vendendo essa copia em inglês, para comprar a cópia em português. O problema foi que na época o dólar estava mais barato, ai quando fui receber e pagar os impostos o dólar aumentou.
Você falou que vende 1 ou 2 jogos para comprar um novo, eu sinceramente não consigo. Mesmo sendo em inglês, vendi esse tainted grail com tristeza, o meu lado colecionador passou um aperto no coração, só me convenci a vender porque eu ia comprar a cópia em português.

Esse foi o único que paguei mais de 1000. Pra vc ter noção, eu ate hoje quero o on mars, mas me pergunto isso, vale a pena, é mais de 1000.
A última aquisição minha foi o mansion of madness que peguei uma promoção no amazon por 570,00, acho justo esse preço pelo que ele oferece.

Eu falei do lisboa em outro tópico que comprei quando comecei o hobby em 2017, custou 405,00 isso sim valeu a pena. Bons tempos.

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Só uns 30% da minha coleção kkkkkk, aquela vontade de pegar um jogo numa promoção, e no fim fica meses parado na estante

Mas pelo número de jogos na minha coleção e por eu passar algumas fases que esses desejos ficam mais à tona, não me vejo como colecionista também kkkkkkk

Ótimo texto @thiagoguido!

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Obrigado Othávio, tamo junto!!

Usando a definição de que um Colecionador seria alguém que não se preocupa necessariamente em jogar os boardgames adquiridos, eu diria que não sou um colecionador.

Mas… eu tenho um móvel dedicado aos jogos, eu exponho alguns deles nas prateleiras da minha sala. Estou constantemente pesando sobre o número ideal, quais deveriam sair, quais eu posso querer comprar.

Então, acho que você comprar com a necessidade de jogar, nem sempre não vai te tornar um colecionador. Um colecionador não precisa ser necessariamente um completista, você pode estabelecer uma meta, um recorte, na coleção, sem necessariamente ter que ter tudo de um jogo ou de um designer ou de uma editora.

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Esse ponto é bem relevante, mostra que você se importa com os jogos que estão parados.

Sou consumidor compulsivo, não acredito nesse papo de colecionista de bgs. Também acredito que comprar é mais importante do que jogar, porque paga salários e fomenta a indústria. Não quero socializar com bolsomínicos e o hobby está cheio deles.

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hahahaha acho que eu peguei a ironia :joy:

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