Quantos Innovation se compra com um Gloomhavem?
O Contexto
The First Contact
Meu primeiro contato com Innovation foi muito ruim. Explico:
Era nossa ultima jogatina pré-pandemia. O sol brilhava na Cidade-Azul, e uma tarde quente castigava o apartamento recém-mobiliado do Xupim. A cerveja gelava descia fácil enquanto o zumbido um campeonato de Age of Empires II emanava da TV Smart. As pilhas de jogos se acumulavam a medida que cada novo jogador chegava, enquanto a tarde e o álcool consumiam o narrador.
Democraticamente fomos selecionado um jogo de cada um dos presentes. O jogo do Israel Fonseca escolhido foi Innovation (olha o review dele aqui). Talvez ele estivesse na fissura do jogo, por ter encontrado o Santo Graal dos jogos de carta com recheio, e ai cometeu o erro de apresentar o jogo logo numa partida em 4 (2 duplas). Não apenas eu, mas os outros 2 novos jogadores não entenderam direito o que aconteceu.
Isso foi foi a última gota, tudo estava acabado…
Jogo aleatório do caraí! Take that de roubar pontinho? Estão brincando com a minha CARA?
Com a experiência foi traumática, não se ouviu falar do jogo por 1 ano.
A Virada de Mesa (não literal)
Durante o Período Renascentista do Jow (final de 2020-início 2021), adquiri Red7, de Chuck Chudyk, mesmo autor de Innovation. O jogo me conquistou pela genialidade e simplicidade. Isso me trouxe interesse aos jogos “só de cartinha”. Por influencia do Marcius Fabiani e do Israel, e as restrições financeiras do Jow, Innovation voltou a figurar nas possíveis aquisições.
Fui jogando no BGA para ver se era tudo aquilo e a cada partida ele crescia mais no meu falido coração gamer. Mandei vir a cópia e foi só felicidade jogando em 2 com A Noiva.
O Bom
- Preço imbatível. Como o Israel Fonseca comentou no review dele sobre ROI, na base dos 50–70 pilas não há nenhum outro jogo no mercado brasileiro que traga tanta profundidade com tão pouco.
- Produção nacional boa. Gosto da textura lisa das cartas, parecem aqueles baralhos imortais da Copag (será que foi feito com eles?). Eu jogo sem sleeves e sem medo, com o máximo de prazer (!).
- Regras simples. A complexidade está nas escolhas, não nas regras.
- Foge do lugar comum dos card games. Não tem efeitos estáticos, gatilhos, custos, armadilhas, pilha, layouts diferentes de cartas, janelas de eventos, micro-sub-fases, barra de vida, modificador de dano e defesa.
- Manual muito bom. Só seguir 100% a regra e você não se perde.
- Interação indireta. Comentei de Take That ali em cima, mas não bem isso, pois você nunca mira em um jogador específico. Outro detalhe é que você consegue ver O Bicho Vindo, ou seja, da para preparar uma defesa contra uma carta chata que teu oponente baixou e está louco pra usar e te arregaçar.
O Ruim
- Não joga igual em todas quantidades de jogadores. Nem todo jogo escala bem, mas esse aqui muda bastante na questão da aleatoriedade. Jogo em 3 no BGA e percebo o aumento da aleatoriedade e da dificuldade de leitura de mesa, mas principalmente, da dificuldade em obter as cartas de símbolos necessários (seja para atacar ou defender). Em 4 nem quero imaginar o caos.
- Nunca introduza ele em 4 player (nem em duplas). Acho que o próprio manual fala sobre isso. Em duplas pode até ficar legal com pró-players que adotaram o jogo como religião, mas descartaria apresenta-lo a novos jogadores assim.
- Não é jogo Civ. Muita gente chega a ele por ouvir falar tanto no BGG como Ludopedia que é um jogo de Civilização. O cara já imagina que vai jogar Civilization VI com cartinhas, mas não é bem por ai. Ele tem tema de tema de civilização, mas passa longe de ter um feeling Civ. Algumas cartas e combinações evocam bastante tema, mas outras exigiriam um exercício de abstração enorme. Cuidado com as expectativas!
- Interação pode ser pesada. Mesmo não sendo ofensiva nem direta, tem cartas que em determinadas condições vão dar uma cagada boa no seu jogo.
O Neutro
- Nunca veremos expansões. No começo a Ludofy (pré-Grok) falou na edição Deluxe (todas as expansões), mas deram para trás e trouxeram a versão basicona. Também não sei se as expansões agregam tanto assim… o jogo base me diverte bastante!
- A arte é simples. Para alguns, simples demais. O design foi feito para facilitar a jogabilidade, não para brilhar os olhos, e ele cumpre o que promete.
- Aleatoriedade. Jogo com cartas únicas, é claro que vai haver uma boa dose de sorte envolvida nas compras. Principalmente com 3–4 players é mais difícil conseguir o que você precisa baralho para se defender ou montar aquele combo massa. A solução disso é jogar e jogar, para conhecer bem o baralho e as cartas de cara era. Quem gosta gosta, quem não gosta curte.
Veredito
Nunca imaginei que me tornaria um fanático por um jogo de 50 pilas, mas é isso: Jogaço para 2! Talvez seja bom em 3 e 4 (duplas) como alguns reviews falam, mas só vou saber disso após a pandemia. Por enquanto, recomendo esse jogo para casais ou quem tem um parceiro de jogo bem fixo.
Nas nossas conversas aqui com o grupo o jogo virou padrão para avaliar se um jogo mais caro vale a pena. Sempre é perguntando “Quantos Innovation daria para comprar, hein jow?” e ai refletimos um pouco antes de seguir com a gastança desenfreada.
Selo Spiel des Djows™ DUPLO de “Custo Benefício Nacional para jogo de cartas que virou referencia monetária na precificação de Jogos de Tabuleiro Modernos”.
Nota 10 (para 2p), deixaria qualquer coisa de lado para jogar uma partidinha (Sistema de Avaliação Spiel des Djows)
Até o próximo review rápido (mas nem tanto)!