Jogos de adulto para crianças (e a minha vó)

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Eu gostaria de jogar um jogo
Onde não haverá
Vencedor nem perdedor,
Mas apenas desfrutadores
Do próprio jogo.
-Sri Chinmoy

Vamos começar com uma história e um tributo, mas logo chegamos aos jogos!

Hoje de manhã eu estava lendo o post sobre jogos para jogar com os avós. Achei muito legal, e também despertou em mim lembranças (agradeço aos autores do post). Fui escrever um comentário lá, mas ficou tão grande que virou um post por conta própria.

O último dos meus avós foi a minha avó materna, com quem tive o maior contato. Eu nunca tive religião. Mas ela sempre ia à igreja, dava o dízimo, etc. Entretanto, não parecia uma pessoa espiritual. Depois que eu mesmo comecei a valorizar a minha vida interior, ela passou por uma cirurgia e, assim como eu, mudou completamente. De repente, ela parou de se preocupar com comida (sempre tinha sido o ponto fraco dela), problemas de família, etc, e passou a se preocupar com o que seria a Vontade maior para a vida dela. Ela se tornou mais bela, radiante, seu sorriso virou um sorriso de criança, da noite para o dia. E não havia senilidade alguma – pelo contrário, ela parecia uma pessoa bem mais consciente de si e do mundo todo – justamente como são as crianças. É como se ela, de repente, tivesse descoberto a espiritualidade que havia em si e passou a ser uma verdadeira pessoa espiritual - algo como se ela tivesse feito a conexão com a sua alma, ao invés de viver apenas nas ideias e “ouvi dizeres” sobre espiritualidade. Ela “renasceu do espírito, não do útero”, nas palavras do Cristo.

Uma das experiências mais bonitas que ela me contou foi quando não teria dinheiro num certo mês para pagar o dízimo e comprar os inúmeros remédios que tinha que tomar para continuar viva. Interiormente, ela rezou, dizendo “Senhor, Você sabe porque neste mês, pela primeira vez na vida, não poderei dar o dízimo para Você. Tenho certeza que Você compreenderá.” (Para ela, dar o dízimo era algo absolutamente sagrado, que ela dava a Deus em pessoa.)

Nesse dia, ela foi à igreja como de costume, com o dinheiro contado para comprar os remédios na volta para casa. Depois do culto, ela passou mais um tempo em oração solitária e pensou: “Quão sem sentido! Não dar o dízimo para comprar os remédios seria como dizer que eu estou cuidando da minha vida. Mas é Ele quem cuida de mim! Eu dou o que tenho a Ele, e Ele dá a mim o que eu preciso!” Ela deixou o dinheiro dos remédios na caixa do dízimo.
Sentou-se novamente nos bancos e absorveu toda a experiência, sentindo uma enorme gratidão e devoção por ter percebido, por ser ensinada uma nova lição. Mas a lição não acabou aí. Ela ficou sem dinheiro para voltar para casa. “Ah, tudo bem, vou ficar por aqui mais um tempo então, pois tudo parece perfeito e estou muito satisfeita,” ela pensou.

Um casal de colegas da igreja foi falar com ela, ao vê-la toda sozinha depois de tudo acabar, “Vó, você quer uma carona hoje? Estamos de carro.” Ela pensou sozinho “Glória ao Senhor!” No caminho, eles falaram: “Precisamos passar na farmácia rapidinho. Você se importa? Não? Ah, que bom. Por sinal, você está precisando de algo, de algum remédio em casa?” Minha vó explicou que precisava de tais e tais remédios (eram muitos), mas que estava completamente sem dinheiro. O casal trouxe todos os remédios para ela, que chegou em casa e não pode se conter em alegria e gratidão. No dia seguinte fui visita-la para conversarmos sobre os assuntos em comum, e ela quis contar essa história. Como já estava trabalhando, tive a oportunidade de deixar 50 reais com ela (10% do meu salário na época) para ela poder ir para a igreja toda semana até o fim do mês. Se tiverem interesse, escrevi várias histórias espirituais que passei com a minha vóaqui, bem como uma versão mais longa desta história.

Que pena que só comecei nos board games agora! Tenho certeza de que ela teria gostado de jogar algum Ticket to Ride ou etc se estivesse viva!
Agora vamos aos jogos!

“Invertendo o jogo”: jogos de adulto para jogar com as crianças

Normalmente, são os adultos que curtem jogar os jogos de criança, mesmo que secretamente, mesmo que com a desculpa “Ah, meu filho(a) gosta tanto desse, a gente sempre joga!” Rhino Hero Super Battle, por exemplo, costumo jogar mais entre adultos que crianças.

Abaixo vou deixar alguns jogos de adulto (ou quase adulto) que joguei com crianças e que foram aprovados!

Lobisomem por uma noite: monstros
Esse foi o maior sucesso! Fiz até um post específico

Freedom: The Underground Railroad
Educativo também, trazendo o assunto da escravidão. Um jogo totalmente heroico e social. Review aqui.

Root
Esse jogo é mais complexo (se você esquecer a arte fofinha, é um wargame brutal no final das contas), mas se você jogar só pela curtição e pelas alianças ou traições, ele fica bem divertido. Não tente ganhar – tente se divertir! Se alguém pular uma regra, faz de conta que não viu e continua jogando! Invente regras e poderes para os meeples de bichinhos!

Treasure Island
Fiz um post também. Mágico.

Ubongo 3D, Ubongo Trigo, Ubongo Extreme, Ubongo
O Ubongo 3D e o Extreme são difíceis até para adultos bem espertos (como eu, que sempre ganho em qualquer partida de Ubongo). Mas as crianças com uns 8-9 ou mais, se se esforçarem, conseguem resolver os problemas e aprender muito ao mesmo tempo! Hoje em dia, eu sou o melhor no Ubongo 3D, e em segundo lugar vem um dos filhos de um amigo, de 9 anos. Escrevi uma análise hoje e posto amanhã.

Flamme Rouge
Se elas tiverem idade para pegar o conceito de economizar no começo para depois ganhar vai ser legal… ou então use o jogo para ensinar isso!

Scotland Yard
É bem legal coletar as pistas até chegar na resposta (não necessariamente tão exata)

Mysterium
Também funciona bem. Pena que as cartas são meio dark.

Ticket to Ride
Muito bom, é só tocar a locomotiva!

Hanabi
É muito engraçado jogar com as crianças se elas não se aguentarem e tentarem dar “aquela roubadinha” para pegar uma informação extra sobre as suas cartas. O engraçado é que vejo o mesmo fenômeno entre os adultos! Se as crianças forem menores, vai ser mais casual. Se elas conseguirem entender a estratégia, vai ser bem educativo.

Love Letter
É só jogar – e pode ir inventando regras novas também, pois o jogo é tão simples que se presta bem a improvisos!

Concept
Sem usar as cartas que vê no jogo, você pode fazer com temas de escola: bandeiras de países, etc.

Drillit
Cooperativo é sempre legal para ensinar as crianças a trabalharem juntas! Flashpoint é similar, mas acho que o Drillit é mais difícil e exige mais cooperação.

Encantados
A mecânica é tão boa, é só jogar!


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